top of page
Buscar
Foto do escritorHenrique Correia

Partido ao meio




É preciso respeitar o voto. Mas é preciso, também, que os políticos se dêem ao respeito para merecerem o voto. "Sem jogadas subterrâneas", como disse Albuquerque. O que serve para outros mas também para si.





As eleições internas no PSD Madeira deixaram alguns indicadores relativamente ao futuro do partido e à influência do mesmo no meio político madeirense. A consulta revelou dados que apontam para a legitimidade da liderança de Miguel Albuquerque, obviamente eleito democraticamente, não é isso que é posto em causa, mas uma vitória muito fundamentada na máquina que foi criada no âmbito dos cargos públicos, que são muitos, desde secretários regionais, diretores regionais, membros de câmaras e de juntas, casas do povo, adjuntos, maioria de assessores, alguns destes "cristãos novos" numa militância conveniente de interesse mútuo, o que no fundo deu a base de militância que sustentou a eleição de Miguel Albuquerque. Tudo cargos de confiança política, esses cargos são assim mesmo, por isso perdiam este estatuto e respetivos privilégios se não votassem Albuquerque. A prova disso está nos "recados" públicos enviados aos que não votaram Albuquerque ocupando cargos públicos, no sentido de se demitirem desses mesmos cargos.

A verdade é que neste enquadramento de eleição democrática, mas condicionadamente livre, restava pouco ao candidato da máquina social democrata mas sem máquina montada, que mesmo assim obteve uma percentagem que está muito perto de metade do partido, não obstante todos os meios postos em serviço pelo sistema representado pela lista que viria a vencer as eleições. Sem dúvida uma conquista importante cujo efeito prático só o tempo o dirá no que toca ao futuro do partido.

Mas a realidade do PSD-M é, hoje, diferente da que era antes. O PSD-M é o mesmo partido, mas a unidade interna, a que é real, não a que se fala, é muito diferente. Por tudo o que foi feito e dito antes das eleições, por tudo o que foi dito e feito depois das eleições. Os apelos à integração como se se tratassem de "territórios anexados" são reveladores de um modo de operar que tem décadas de "escola", mas que agora está a chegar a "dentro" aos que estão dentro e se sentem como se estivessem fora quando pensam diferente. Talvez esta divisão expressa pelos votos possa ser a oportunidade de mudar alguma coisa, mesmo que quase perdida a esperança neste sistema de excessiva partidarização da vida política que privilegia a clientela interna em vez dos interesses públicos. O que serve para o PSD e para todos os partidos. Mas obviamente serve mais para quem tem mais tempo e mais "clientes".

Estão lançados os dados para as eleições regionais antecipadas, onde a estrutura de mobilização será grande mas muito mais dificil de controlar por se tratar de uma escolha da população global regional. As consequências para o cenário político na Madeira serão, então, mais visíveis e mais reais.

É preciso respeitar o voto. Mas é preciso, também, que os políticos se dêem ao respeito para merecerem o voto. "Sem jogadas subterrâneas", como disse Albuquerque. O que serve para outros mas também para si.



71 visualizações

Yorumlar


bottom of page