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Qual o valor do trabalho?

  • Foto do escritor: Henrique Correia
    Henrique Correia
  • 1 de mai. de 2022
  • 2 min de leitura


Aquela ideia que os jovens não querem trabalhar, sendo verdade em alguns casos, para a maioria deles representa uma pressão demagógica que serve a quem paga e a quem quer descer os números do desemprego.




Já não há trabalhos para a vida. Já não há direitos para a vida, apenas ficaram os deveres para a vida. Já não há contratos de carreira, simplesmente não há contratos em muitas áreas laborais. O próprio mundo do trabalho mudou, o digital cresceu e vai crescer mais, o trabalho é do mundo e promove-se essa transformação do mundo como um factor de aceitação de mudanças que são, em muitas situações, perda de valores e de direitos.

Não há nada para negociar, as negociações são unilaterais e os contratos coletivos de trabalho estão em vias de extinção. Com nada para negociar, os sindicatos perdem valor acrescentado. Não se sabe, hoje, qual o valor do trabalho. Tem o valor que tem: menos, muito menos.

O nivelamento por baixo e o princípio do pouco ser melhor do que o nada, são realidades do mundo do trabalho, hoje. A desvalorização vem acontecendo, mas a pandemia agravou ainda mais. E em tempos difíceis, de crise, as sociedades do ordenado mínimo engrossam fileiras e acabam por caraterizar um determinado modelo, muito difícil de alterar.

Aquela ideia de que os jovens não querem trabalhar, sendo verdade em alguns casos, para a maioria deles representa uma demagogia que serve a quem paga e a quem quer descer os números do desemprego, sobrepõe-se ao "paga como deve ser" que seria imputado ao empregador, hoje colocado num patamar à parte e à conta de outro princípio que "a produção dá emprego e o emprego é criado pelas empresas". E é uma verdade, mas não isolada como às vezes aparece retratada até por políticos, sobretudo os que andam com um pé na política e outro pé nas empresas para não fecharem portas. Sem pessoas, sem trabalhadores, também não há empresas. Mas isso já não interessa.

Recusar as injustiças de alguns empresários impreparados ou outros preparados mesmo para isto, é rótulo de malandrice pela certa, sendo que felizmente ainda há no mercado um espaço empresarial respeitador que, por comparação, ajuda a perceber o estado preocupante desta completa desregulação e falta de respeito do mundo do trabalho.

E assim chegamos a mais um Dia do Trabalhador, este ano coincidente com o Dia da Mãe, este sim a valer a pena comemorar por representar uma homenagem a um valor incalculável, eterno, que é ser mãe com as ramificações para a vida.

Quanto ao Dia do Trabalhador, já que existe, que sirva de reflexão interior. O resto, as manifestações de sempre, os mesmos discursos, as mesmas iniciativas, apenas funcionam como um alimentar de "clientelas". Isto já não vai com conversa. Ou há ação e muda alguma coisa, ou então vai piorar o que já vemos de preocupante para o futuro de gerações.

Por isso, até ver, pelo seguro, façam seguro...

 
 
 

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