Violência na noite: exige-se prevenção à polícia e educação aos papás
- Henrique Correia
- 26 de out. de 2021
- 2 min de leitura
É verdade que estão na idade de se divertirem, de alguns excessos, mas não há idades para a falta de caráter, de respeito e de vivência civilizada.

"O diretor nacional da PSP alertou hoje para um aumento da intensidade da violência com que os crimes são cometidos, sendo recorrente nos últimos tempos o uso de armas brancas e da força para ferir gravemente".
Esta notícia é da agência Lusa e as declarações são de Magina da Silva, o diretor nacional da Polícia de Segurança Pública que não tem medo das palavras, que não esconde, que não fica abespinhado com as notícias e com os jornalistas, que convive bem com os media e que não varre o problema para debaixo do tapete, como muitas vezes tem acontecido na Madeira relativamente a episódios de violência entre os jovens na noite do Funchal, cujo desfecho em termos de sanções, pequenas ou grandes, passam ao largo e ninguém fica a saber nada.
Claro que a pandemia não ajudou nada, há uma "sede" de vida noturna, uma irreverência ainda maior, um consumo de álcool com ligação direta ao tempo perdido e naturalmente aparecem as consequências dessa mistura explosiva. E nos últimos fins de semana, o Funchal assistiu a cenas de pancadaria, sangue nas ruas, violência entre jovens, tudo numa Região pacífica, de turismo, de uma segurança que corre mundo, mas que nos prega partidas algumas vezes, quando a porrada sai à rua, as facadas também, além dos episódios mal esclarecidos das jovens turistas supostamente violadas, num incidente que parece ter caído no esquecimento devido ao silêncio das autoridades.
Podem dizer que a situação é residual, podem dizer que a juventude é assim mesmo, estão na idade dos exageros, das hipervalorizações, do consumo de álcool em excesso. Podem dizer outro dado comum, que os pais também tiveram o seu tempo e os seus exageros. Não alinho nisso. É verdade que estão na idade de se divertirem, de alguns excessos, mas não há idades para a falta de caráter, de respeito, de vivência civilizada em comunidade.
É verdade que estamos a falar de realidades diferentes, em Lisboa e Funchal. Mas também é verdade que é preciso atalhar o problema na raiz e a Madeira está muito a tempo de atacar esta realidade da violência nas noites, sobretudo de sexta-feira e sábado.
Em primeiro lugar, é preciso que as autoridades reconheçam que temos um problema, ainda que pequeno em relação a outros destinos, mas um problema na mesma. E reconhecendo, é meio caminho andado para termos, neste momento, uma atenção redobrada e uma prevenção para o que pode resultar num problema bem maior daqui por uns tempos.
É preciso intervir com um policiamento de proximidade, sobretudo no encerramento das discotecas e nas zonas mais críticas, que todos conhecem e a Polícia, por maioria de razão, também conhece e melhor. É preciso rigor de atuação com estes incidentes, numa primeira avaliação pedagógica e depois tratar como assunto de Polícia e de Justiça.
Quanto à raiz do problema, os papás e mamãs, muitos papás e mamãs, que façam alguma coisa, façam o que já deviam ter feito e não fizeram.
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