A nova (Marina) ilha de calor
- Henrique Correia
- há 9 horas
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Raimundo Quintal faz avaliação negativa aos projectistas do novo espaço. Faltam zonas de sombras e houve uma falha na seleção das espécies utilizadas.



"O que ali foi feito é decepcionante, no domínio da mitigação do aquecimento global (que nos está a atingir), no impacto paisagístico e na seleção das espécies utilizadas". Foi assim que Raimundo Quintal, investigador, professor e defensor das causas ambientais, foi vereador do Ambiente na Câmara do Funchal, reagiu à obra finalizada da Marina do Funchal depois de percorrer o local e a própria zona das embarcações.
Raimundo observa que "nos dias soalheiros faltará a sombra, porque apenas foram criados uns apontamentos verdes incrustados em vistosas estruturas de betão, onde falta espaço para as raízes das árvores se estenderem e proporcionarem o desenvolverem de copas amplas, sadias e refrescantes'.
Daí concluir que "a renovada Marina do Funchal é mais uma ilha de calor, numa cidade carente de núcleos verdes povoados de plantas adaptadas às altas temperaturas e pouco exigentes em água.
Nem uma só espécie da Flora da Madeira foi selecionada pelos projectistas. Mais uma vez, foram plantadas as mesmas espécies de palmeiras, agaves, espadanas, patas-de-cavalo e outros tantos arbustos e herbáceas de importação".
O professor acrescenta que se
esqueceram do dragoeiro, do zambujeiro, da faia-das-ilhas, do marmulano, do barbusano, dos dois buxos-rocha, da esteleira-da-beira-mar, da globulária, da figueira-do-inferno, da múchia-dourada, da cila-da-madeira, do jasmineiro-branco, da trevina, da malfurada, do goivo-da-rocha, da lavanda, da maravilha-da-madeira, do murrião, da perpétua-branca, da perpétua-de-são-lourenço, do funcho..."
Raimundo Quintal "não estava à espera que a Marina do Funchal surgisse como um mostruário de plantas endémicas e nativas do primeiro andar fitoclimático da Ilha da Madeira", por aquilo que conhece "dos "espaços verdes", mediocramente mantidos pela Administração dos Portos da Madeira". Mas diz que, mesmo com "baixa expectativa", o que ali observou conseguiu "surpreender pela negativa".
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