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  • Foto do escritorHenrique Correia

Afinal, há jovens que estão "vivos"...



Seja como for, nunca é tarde para pensarmos num tempo novo. Com uma presença forte dos jovens, mas com a importante cumplicidade geracional como forma de ter futuro mantendo a memória.



Confesso que fiquei surpreendido com este primeiro dia de comemorações dos 50 anos do 25 de abril de 74. E a surpresa não foi pelas comemorações em si, com base nos mesmos modelos de sempre, mas sim pela forte mobilização, sobretudo em Lisboa, com um "mar de gente" na Avenida da Liberdade, milhares de pessoas, e mais do que isso, muitos jovens, o que numa primeira análise é revelador de uma mudança de paradigma, pelo menos um indício dessa mudança.

Quem viu a concentração no Largo do Carmo, na noite de 24, constatou facilmente que muitos dos que ali se concentraram eram jovens, estavam ali de corpo inteiro numa homenagem à Revolução e mesmo sem terem vivido em Ditadura acabam por dizer presente à liberdade e dizer abril sempre. Um cenário que se repetiu neste 25 de abril de 2024, um pouco por todo o País, também na Madeira mas em menor expressão, mesmo que atendendo à proporcionalidade. Mas Lisboa, na realidade, deu uma imagem notável de mobilização da juventude. Afinal, não está tudo perdido e pode ser que os 50 anos de abril possam funcionar como o começo de uma nova era de participação jovem na vida política portuguesa, talvez com consequências na redução da abstenção e com isso operando alterações no quadro político partidário português.

Claro que esta percepção resulta da avaliação de um momento, não um momento qualquer, mas um momento importante, sendo que este nível de participação da juventude, que todos diziam afastada do País e das realidades, vai precisar de validação futura relativamente aos níveis de participação na vida pública, que devem ir muito além das jotas dos partidos, mas devem ter um sentido cívico de enorme relevância para o Portugal de futuro em liberdade.

Mas para já, abril trouxe-nos este indicador, que também naturalmente não tem a mesma dimensão e esperança na Madeira, onde o 25 de abril de 74 praticamente só chegou a 1 de maio, mas onde o espírito geral de mobilização e a capacidade de presença da juventude é sempre mais difícil de alcançar. Por várias razões, uma delas o meio pequeno, outra é a reserva que historicamente os madeirenses têm no que se prende com as manifestações, muito por culpa dos políticos que, durante anos, decidiram o que se comemora ou o que não se comemora perante a passividade democrática e criando alguma confusão no povo, muito nos jovens, que sempre tiveram um comportamento muito madeirenses típico de uma reação mais acomodada do "não te metas nisso". Se todos fizessem assim, não havia abril, não havia Autonomia.

Seja como for, nunca é tarde para pensarmos num tempo novo. Com uma presença forte dos jovens, mas com a importante cumplicidade geracional como forma de ter futuro mantendo a memória.

Este 25 de abril deixou-nos de alerta para os jovens. Vamos ter esperança como a esperança que se cumpra abril no que falta, que é muito.

Pelo sim, pelo não, é bom que os políticos estejam atentos a um previsível tempo (mais) jovem...


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