Nem o líder do partido nem o líder parlamentar têm revelado estofo suficientemente forte para dar ao PSD a dimensão que já teve. Discurso morno, sem chama, em "banho maria", sem força, sem prender ninguém.
Marcelo Rebelo de Sousa já não está muito para continuar a ser o Presidente dos afetos. Pelo menos em relação ao Governo de António Costa, que está em convulsão permanente com a entrada e saída de governantes envolvidos em diversos casos que lhes retira credibilidade e condições para o exercício de cargos públicos. São muitos em muito pouco tempo, demasiados para um Executivo de maioria absoluta, que por essa razão teria tempo suficiente para escrutinar, a fundo, sem pressas, as nomeações. Mas não, pior era impossível e isso começa a ser preocupante na própria gestão interna do partido. Ou alguém anda a tramar António Costa ou Abreu Costa coloca-se a jeito para ser tramado.
Por estas e por outras, este Governo começa a ter uma margem muito curta para o erro, cada vez mais curta, e agora nem pode esperar que o Chefe de Estado venha a público colocar aquilo a que popularmente se diz como "deitar água na fervura". Não, neste contexto, é mais "lenha para a fogueira", até porque António Costa também tem vindo a mostrar, o que não era normal, umas posições menos pensadas, designadamente quando disse que ia falar com Marcelo no sentido de ser encontrado um mecanismo de escrutínio no circuito entre a nomeação, do Governo, e a aceitação, do Presidente da República. Como se o Presidente da República tivesse alguma coisa a ver com esse escrutínio, como se houvesse uma espécie de partilha de responsabilidades, o que na realidade não há nem pode haver. Costa é responsável pelas escolhas e quando leva ao Chefe de Estado, formalidade constitucional, já deve ir com todos os escrutínios feitos. E Marcelo, hoje, disse isso mesmo como que a deixar bem claro as funções de cada um.
É verdade que este governo está "pelas peles" e que muitos pedem a sua substituição e eleições antecipadas. Com tantas situações anormais, de instabilidade, até podia acontecer. Mas coloca-se, agora, uma outra questão: haverá alternativa de governação ao Governo do PS, haverá uma vaga de fundo, protagonizada por exemplo pelo PSD, para que possamos ver uma capacidade de mudança na medida que o Governo precisa e sem a visão sectária da política partidária?
Claro que as gentes do PSD dirão que sim, sem pestanejar, mas na realidade, para sermos corretos na análise, será este PSD capaz de ir agora para eleições com o espírito de vitória? Não me parece, já é dificil fazer oposição e nem tem liderado essa oposição apesar de ser o segundo partido mais votado, por isso seria pedir muito que estivesse preparado para ir a eleições. Nem o líder do partido nem o líder parlamentar têm revelado estofo suficientemente forte para dar ao PSD a dimensão que já teve. Discurso morno, sem chama, em "banho maria", sem força, sem prender ninguém. Foi para isto que tiraram Rui Rio? Não houve grandes melhorias para sermos sinceros.
Acho que o País está numa encruzilhada política. Com um PS desgastado, um PSD com dificuldade de arrancar, um PCP perdido, um Bloco ainda não encontrado, um Chega que mexe com o Parlamento através do choque e do protesto e da Iniciativa Liberal que dá alguma seriedade à oposição, na sua medida que pode andar em crescimento.
Como se vê, é mesmo para ir a eleições já?
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