Cinco estrelas sem ar condicionado e com "formigueiro"
- Henrique Correia

- 4 de ago.
- 3 min de leitura
Pestana Porto Santo explica que está localizado numa área de proteção ambiental, o que limita o uso de químicos fortes. O ar condicionado é outra coisa: lamenta não ter tido oportunidade de resolver...

O Porto Santo sempre foi aquele "paraíso na terra" para as férias de verão, inicialmente impulsionado pelo mercado madeirense, mas progressivamente com uma procura externa acentuada, a coincidir com um acréscimo súbito, nos últimos anos, no fluxo turístico que tem vindo a procurar a Região no seu todo, a chamada ilha dourada de forma muito particular. Foi um crescimento que, tal como aconteceu na ilha da Madeira, provocou "dores" ditas de crescimento, dizem que das boas, daquelas que qualquer destino quer, com a circunstância de estarmos perante uma ilha que sempre conviveu com a sazonalidade do turismo e que, de repente, é confrontada com um excesso de procura no período que já era de alta, e uma procura dividida por quase todo o ano, o que no fundo vem ao encontro das aspirações e da luta, de anos, para que isso acontecesse.
Mas como em tudo, a prevenção e a preparação seriam essenciais para que ao crescimento da procurar correspondesse uma oferta adequada, em quantidade e também em qualidade na prestação de serviços que passasse para um patamar mais profissional, de exigência, até para estar em articulação com o também súbito aumento gigantesco de preços, no comércio em geral, mas sobretudo em todos os serviços ligados direta ou indiretamente ao turismo, de que a restauração e a hotelaria (inclui alojamento local e alojamento paralelo) são exemplos relativamente ao "boom" que aconteceu, ao ponto de, neste momento, o destino Porto Santo estar praticamente inacessível até à classe média madeirense sem habitação na ilha.
Mas o que acontece com estes crescimentos rápidos é que, na maioria dos casos, o destino é alvo de grande procura, os preços aumentam substancialmente face à oferta, por consequência todos os serviços sofrem agravamento de preços, mas a qualidade e nível de exigência na prestação desses serviços sofre oscilações que, depois, não tem correspondência com idêntica variação de preços. A prática, hoje, em alguns casos, felizmente não a totalidade, também no Porto Santo, assenta num fraco serviço para aquilo que é pago.
Mas grave mesmo é quando essas oscilações ocorrem em serviços vendidos com o rótulo de cinco estrelas, cuja responsabilidade é maior em função do grau de exigência que o próprio preço impõe. "Fonte" amiga deu conta de uma situação ocorrida numa unidade de excelência da ilha dourada, do grupo Pestana, o Pestana Porto Santo All Inclusive, o que por si só seria garantia, até pela responsabilidade do grupo em causa, de raiz madeirense e de prestígio internacional, de um serviço imaculado num quadro de topo da hotelaria.
De facto, a experiência vivida por uma família madeirense foi desastrosa. O chamado "azar dos diabos". E partindo do princípio da boa vontade e compreensão do tamanho das estrelas do hotel, de que se tratou de um caso isolado, a verdade é que a procura de soluções teve problemas como resposta. Um quarto com ar condicionado avariado, um berço no lugar de uma cama extra para criança de 5 anos, um "batalhão" de formigas que parecia um bónus do All Inclusive, além de outros serviços em dissonância com o "estrelado" da unidade e dos euros dispensados, problemas que acabaram por ser atenuados com a ação dos funcionários, sendo que, ainda assim, a solução foi sugerida para o dia seguinte com um "se conseguir aguentar assim até amanhã", ao que se seguiu um "upgrade", após ameaça de abandono do hotel por parte da família, "upgrade" esse que, ainda assim, foi acompanhado também por um "formigueiro" de grande envergadura.
A unidade hoteleira lamentou o sucedido face à reclamação por escrito. Pela mesma via, a direção
"lamenta sinceramente saber que a sua estadia não correspondeu às suas expectativas. As questões que nos apontou, nomeadamente a presença de formigas, o desconforto dos colchões, a manutenção do ar condicionado e as condições nas áreas exteriores de refeição, merecem a nossa atenção e serão levadas em consideração pelas equipas responsáveis. Lamentamos não ter tido oportunidade de resolver estas situações durante a sua estadia, mas esperamos sinceramente que possa reconsiderar uma futura visita, onde possamos proporcionar-lhe uma experiência mais positiva".
Quanto às formigas, uma explicação como esta deixa qualquer cliente mais "tranquilo": "Relativamente ao controlo de pragas, importa referir que estamos localizados numa área de proteção ambiental, o que limita o uso de químicos fortes, mas procuramos sempre manter os nossos padrões de higiene e conforto através de métodos alternativos permitidos".
Salvaguarda-se aqui o facto de se tratar de um grupo de prestígio e naturalmente um episódio desta natureza não pode colocar em causa todo o projeto, o grupo e o funcionamento. Mas é esse mesmo prestígio que obriga a uma responsabilidade maior e a uma rápida resposta que vá além do lamento.





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