De Nunes para Nunes: "Quanto mais falares, pior. Fica Calado”.
- Henrique Correia

- 29 de jun.
- 4 min de leitura
Artigo de Pedro Nunes, filho, no JM, sobre José Luís Nunes, pai: "Ele continuará, com a motivação de sempre, a tratar da canalha. Só que na Praça do Carmo. Não na CMF!"

Pedro Nunes, médico dentista, é, como muita gente sabe, filho de José Luís Nunes, médico pediatra, até agora cabeça-de-lista pela coligação PSD/CDS à Câmara do Funchal, mas em fase de saida "por motivos pessoais". Só para evitar que sejam públicos. Se é pessoal, é para respeitar. Sem perguntas. Sem explicações. É melhor assim, para ninguém se chatear. Cada um vai à sua vida. A Política é pública, as razões são quase sempre pessoais, uma espécie cartilha.
Pedro Nunes tem uma escrita fina, há muito que, confesso, tenho uma grande admiração pela forma como escreve fino mesmo quando "fala grosso". Uma escrita fina que remete, por momentos e de modo metafórico, para a escrita fina das canetas BIC, lembram-se? A malta nova talvez não, mas a bic era uma escrita fina dos diabos, mesmo sem se saber como escrevia fino. E hoje, no JM, Pedro Nunes fez publicar um artigo deveras importante interessante, fino, além de muito bem "esgalhado", diga-se bem escrito, nas linhas e nas entrelinhas, que ajuda a compreender a decisão de José Luís Nunes de abandonar o projeto para evitar um certo "ping pong", em que o médico era a bola. O conselho do filho para o pai está no final do texto, mas podia estar onde estivesse que era bom na mesma. De grande significado para quem conhece a Política, para quem suspeita do processo, e para quem sabe que a vida partidária é uma espécie de ditadura a intrometer-se na democracia. Vejam esta parte. Tem outras, o artigo é de ler e guardar, mas esta vale a pena:
"Continua humilde o bastante para saberes que podes ser substituído, mas sábio o suficiente para saberes que não há ninguém como tu e que sempre haverá outra chance, outro amor ou outra amizade, mas nunca outra vida. Não desperdices, portanto, o teu tempo nem te demores onde não te sentes bem.
Ps, não ligues, encontrei isto naqueles sites brasileiros com frases motivacionais quando pedi à IA que me desse “palavras de incentivo para um pai”. Pela qualidade, devem ser de algum Chagas Freitas, mas sem h. O meu conselho é só um: “Agora não digas mais nada. Quanto mais falares, pior. Sai mudo. Fica Calado”.
Ps do PS, aos que se perguntam se será um problema de saúde, eu ajudo. Podem ficar tranquilos. A dele, tanto quanto sei, está óptima. E a dos que lhe confiam a sua, também podem respirar fundo. Ele continuará, com a motivação de sempre, a tratar da canalha. Só que na Praça do Carmo. Não na CMF!"
Pedro Nunes escreve, ainda: "Todos aqueles que não se sentem bem onde estão, mas também não têm muita vontade em sofrer uma PCR precoce, abandonam o projecto e dizem o óbvio: “Faço-o por motivos pessoais”. E pronto. Entra-se assim na esfera privada e nas tomadas de decisões que só a cada um dizem respeito... Mais ninguém tem alguma coisa a ver com isso.
Por exemplo, o até então candidato a presidente da Câmara Municipal do Funchal pelo PSD decidiu bater com a porta que lhe abriram. Bem, abriram, mas não avisaram que era daquelas giratórias... Conclusão? O homem, a certa altura, ficou entalado. Não sabia se entrava ou se saía. Cada vez que dava um passo em frente, atafulhavam o compartimento posterior com gente que não lembrava ao diabo. Ele, coitado, não via mal nenhum nisso. Faz lembrar o falecido Papa. Gosta de quase todos, todos, todos.
Primeiro foi um das Estradas que ia para o Urbanismo? “Qual é o mal?”. Não sei. Mas o bem também procurei, procurei, procurei e não encontrei... Depois foi uma senhora para as Finanças que está acusada por fraude. “É muito competente e trabalhadora”. Não duvido. Mas isso já dá direito a absolvição sem ir a julgamento?! Eu sei lá... O que sei é que de tanto rodarem, do nada, estavam novamente na porta de entrada/saída e a equipa que tinham vendido como vencedora, na minha opinião, mais parecia talhada para lutar para não descer".
Pedro Nunes lembra que "José Luís Nunes parecia determinado. Defendia a equipa com unhas e dentes. Tanto que acabámos por prometer um ao outro não mais voltar a tocar no assunto. Ele via-se a ser um Guardiola e eu via-o a roçar (salvo seja) um Tiago Margarido. E, na verdade, talvez fosse isso que me estivesse a custar mais. É que eu detesto que iludam os meus amigos (pais então nem se fala) com promessas de planteis fortíssimos, quando estes não passam de um grupo de atletas amadores ou de dispensados de outras equipas. Porém, dada a opinião, não me restava mais do que respeitar a decisão. Tal como ele já fez comigo em outras ocasiões determinantes da minha vida".
Pedro Nunes disse (quase) tudo., desmontou esta "baralhada" de "cartas" que escondia as "razões pessoais". Era para ninguém "entrar". Era...
Nota: fica aqui o artigo do JM:





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