"Delfim" de Albuquerque anda em "apuros"...
- Henrique Correia
- há 12 horas
- 3 min de leitura
A Política é mesmo assim. Para muitos. Apetecível pelo palco, mas perigosa pelos riscos...

As coisas não estão a correr bem para o secretário regional do Turismo, que agora juntou o Ambiente à Cultura, sendo este último um sector que já tinha nos seus pelouros. Os tempos não têm sido fáceis para Eduardo Jesus, que até agora vinha passando "entre os pingos da chuva" com um crédito elevado, dentro e fora, muito por via de alguns relacionamentos "privilegiados" com certa imprensa, que vêm de longe, que de certo modo criou uma espécie de escudo de proteção. Viu-se, entretanto, que já não é suficiente face aos novos "ventos", que além do Aeroporto passam por vários outros serviços, como a comunicação por exemplo.
Mas de repente, parece que a "casa desabou" para Eduardo Jesus, a braços com uma necessidade de intervir com medidas para suportar o "boom" de turistas, realidade que o Governo foi avaliando numa "governação à vista", mas deixando correr em demasia. Até ao caos, foi um instante. No Turismo e, também, no Ambiente. O foco na (ainda) principal fonte da economia, ficou "desfocado", o Governo foi ultrapassado pela velocidade dos acontecimentos e agora pretende tomar medidas indo atrás do prejuízo. Podia e devia ter sido mais cedo, mas como não foi, será agora como puder ser. Há ideias, muitas, mas o problema agrava-se e o tempo é pouco.
Mas agora, também depois de "estalar o verniz" com o microfone aberto, na Assembleia, Eduardo Jesus é confrontado com uma decisão do Tribunal de Contas que deu parecer prévio negativo a um concurso da Associação de Promoção, cujo presidente é o próprio secretário, visando publicações de promoção digital. Um concurso com preço base de 170 mil para um negócio que envolvia 12 milhões de euros. O TC diz que o processo foi mal conduzido, omitindo o real valor do concurso e com isso afastando potenciais concorrentes, para além de falsas informações. Ou seja, faltou transparência. No mínimo dos mínimos das avaliações sem mais especulação que o caso provoca.
Pois bem, ninguém diz que alguém ia meter dinheiro ao bolso. Ninguém diz que houve uma intenção suscetível de ser ligada a favorecimento de empresas. Mas a verdade é que os procedimentos não estão corretos mesmo à luz de entendimentos jurídicos diferentes por parte das entidades envolvidas, no caso a APM e o TC.
Eduardo Jesus foi à RTP-M explicar ou tentar explicar. Deu a cara e isso releva-se. E reconheceu, sem reconhecer diretamente, que o tribunal tinha razão e que o Governo não ia recorrer para não perder tempo. Quem pagou foi o departamento jurídico da Associação de Promoção, que depois disto deve andar perto da porta, entre o sai ou fica. É o que diz o povo: "quem se lixa é o mexilhão".
O concurso vai aparecer, um dia destes, com os milhões devidos para não "inventar". Mas será que foi um procedimento pontual? Será que é este um modo de operar pelo entendimento jurídico, que umas vezes passa e outras não pelo crivo do Tribunal de Contas? Ficam as dúvidas.
Eduardo Jesus ficou, no entanto, com mais este problema nos ombros. Com este episódio a acrescentar a outros como tendo consequência política, não de cargo mas de futuro. O "delfim" de Miguel Albuquerque, um dos dois nomes (o segundo era Jorge Carvalho) que chegaram ao Estado como potenciais sucessores de Albuquerque na recente crise político judicial que atingiu o atual presidente do Governo, que a dada altura levou-o a ponderar, por pouco tempo, se saía pacificamente. Nesse entretanto, Eduardo Jesus ganhou terreno, que passada a "euforia" foi perdendo com alguns "tiros nos pés".
A Política é mesmo assim. Para muitos. Apetecível pelo palco, mas perigosa pelos riscos...
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