Desejo de Albuquerque pode prejudicar o PSD-M
- Henrique Correia
- 18 de fev. de 2024
- 2 min de leitura
Há muitas reservas internas sobre acompanhar uma candidatura com anticorpos já na partida, uma vez que nem o processo envolvendo Pedro Calado já terminou nem a audição a Albuquerque, na qualidade de arguido, começou.

É certo que Miguel Albuquerque quer contiuar líder do PSD-Madeira e depois voltar a ser candidado a presidente do Governo. Esta é a intenção que o líder demissionário do Governo Regional defende neste momento também enquanto líder do partido. Quer uma sucessão à volta de si próprio, pretende evitar uma segunda via para não correr riscos e nem quer medir a sua condição de arguido, que não deverá sofrer alterações nos próximos meses, curiosamente em pleno período de grandes definições, designadamente eleições nacionais e clarificação, no Governo Regional mas também no PSD-M.
No dia em que ficou praticamente assente que vamos ter eleições regionais antecipadas com a decisão do Representante em manter o governo de gestão até que o Chefe de Estado possa decidir constitucionalmente pela dissolução da Assembleia Regional - não é de crer que Marcelo vá decidir por um novo Governo, sem eleições, pois para isso tê-lo-ia feito já, através do Representante, e não perdia o tempo até 24 de março - começa a desenhar-se um novo enquadramento político que muda tudo nas estratégias globais da política regional. E hoje, também foi o dia em que o PAN esclareceu que o apoio à coligação só se manterá sem Albuquerque. Apesar de o PAN não saber se em novas eleições vai manter o peso que hoje tem.
Mas o problema de Albuquerque, dizem fontes do PSD-M, é que acredita que pode manter popularidade estando sob suspeita, pensando unicamente na sua sobrevivência política e não na clarificação e "limpeza de imagem" do partido. Albuquerque acha que pode ir a eleições e ganhar com maioria suficiente para dispensar alianças, o que muitos interpretam como uma aposta irrefletida que, a correr mal, poderá deixar o PSD-M numa situação muito complicada, pode mesmo comprometer o partido para o futuro. Além de que há muitas reservas internas sobre acompanhar uma candidatura com anticorpos já na partida, uma vez que nem o processo envolvendo Pedro Calado já terminou nem a audição a Albuquerque, na qualidade de arguido, começou, sendo que as mesmas fontes consideram que o líder do partido e do Governo de gestão deveria seguir a posição de Calado de não desempenhar qualquer cargo público ou partidário, pelo menos até conclusão do processo.
Agora que as eleições devem mesmo acontecer, há a intenção do PSD-M acelerar uma definição interna de liderança, havendo uma posição clara, de vários sectores, que ficar como está é dividir o partido e abrir portas à contestação por falta da transparência política que é necessária para dar credibilidade a qualquer projeto. Por muito que Albuquerque aposte da vitimização para tentar manter-se como se nada tivesse acontecido entretanto.
Sem dúvida, um desafio para o PSD-M. Entre o "remendo" e um "novo" Partido.
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