Eduardo Jesus ainda será condecorado pelo Nepal e Bangladesh
- Henrique Correia

- 14 de ago.
- 3 min de leitura
A observação é de Miguel Sousa, meio a "brincar" meio a "sério". Afirma, relativamente ao turismo, não ser possível "inventar soluções avulsas quando não temos plano, estratégia ou táctica para um dossier complexo e com tão larga responsabilidade social".

"Não vale a pena fingir que não se passa nada...Pilatos também lavou as mãos".
É publicado como se fosse uma "brincadeira", mas a essência da crítica sobre o turismo da "Madeira tão tua" está no escrito que o antigo vice presidente da Assembleia e do Governo Miguel Sousa fez publicar no seu habitual espaço de opinião no Diário. No fundo, a mensagem é a de que se trabalha como se não houvesse uma nova realidade, há luz verde para novos hotéis sem mão de obra local disponível e com recurso a trabalhadores do Balgladesh, Nepal e Paquistão. Daí, a "brincadeira" que, subliminarmente, tem um propósito mais a sério: Eduardo Jesus ainda será condecorado por esses países, diz. E justifica: "Pelo alto contributo social prestado a essas populações". Lança a questão face ao licenciamento de um novo hotel no Funchal, onde inevitavelmente o recrutamento de pessoal será naqueles países, predominantemente. Com a correspondente e previsível pressão demográfica.
Miguel Sousa coloca a questão em vários níveis, incluindo o transporte aéreo, a hotelaria, o Alojamento Local, a mão de obra e a falta de avaliação para dar solução aos problemas. Diz que "na vertigem do dilúvio de prémios atribuídos ao turismo da Madeira, não temos dado a devida atenção aos problemas, tanto conjunturais como estruturais, que se vão acumulando...esse "Madeira dream" que deveria ser motivo de orgulho, convive hoje com sinais de alarme que não podemos ignorar...Não vale a pena fingir que não se passa nada".
O antigo governante diz que o turismo mudou e não estávamos preparados para essa mudança. E o primeiro erro de avaliação surgiu na sequência do novo Savoy "pedrada no charco", do Alojamento Local, da liberalização do transporte aéreo. "Tudo mudou e até parece que não. Os projetos são aprovados, apresentados, como há vinte ou trinta anos. O Governo diz que não há excesso de turismo, mas não se tem mão de obra que faça o serviço. Então, como autorizar mais?"
Miguel Sousa afirma não ser possível "inventar soluções avulsas quando não temos plano, estratégia ou táctica para um dossier complexo e com tão larga responsabilidade social. Pilatos também lavou as mãos".
O antigo governantes do tempo de Jardim, que não tem poupado nos elogios a Miguel Albuquerque, define um quadro de críticas relativamente a um sector importante, o turismo, gerido por um secretário deste governo do mesmo elogiado Albuquerque. "Falta um estudo demográfico que defina a realidade, que seja ferramenta para soluções que vão definir a convivência das próximas gerações". Um retrato que deixa Eduardo Jesus mal na "fotografia".
Miguel Sousa defende o Alojamento Local, os pequenos empreendedores que fazem negócio sem ser apenas exclusividade dos grandes. Está contra a suspensão do AL no Funchal, diz ser medida eleitoralista. E questiona se não seria altura de não permitir a abertura de novos hotéis, as Canárias fizeram isso há anos e empregaram locais, mais bem pagos do que os nossos e evitaram a emigração.
Sugere o AL fora de prédios para habitação coletiva. Aos preços de hoje, essa habitação está inacessível para residentes e apelativa para investidores e especuladores.





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