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Foto do escritorHenrique Correia

Funchal (in)seguro: de Albuquerque, com humor...


Miguel Albuquerque: "O Funchal continua a ser uma cidade segura e afável. Não temos uma cidade insegura, andamos no Funchal a qualquer hora, sem problema".



O senhor presidente do Governo Regional, quem sabe fazendo concorrência ao humorista Ricardo Araújo Pereira, também parece estar "A Gozar com quem Trabalha", como se sabe o nome do programa de humor aos domingos na SIC, quando afirmou um dia destes que não há insegurança na cidade e que o recurso ao patrulhamento militar, defendido pelo presidente da Câmara, que também como se sabe é vice de Miguel Albuquerque no partido e já foi vice no Governo, foi uma hipérbole, que é como quem diz um exagero, utilizado por Pedro Calado. Albuquerque dirigiu-se aos jornalistas e disse: "Vocês têm que ter sentido de humor". E é verdade, é preciso sentido de humor em todos os momentos da vida, política, económica, social, mais particularmente jornalística. Sem dúvida, talvez não tanto quando se fala da insegurança da cidade do Funchal ou quando se fala do consumo de drogas que levam a comportamentos de atentado à vida e ao património, quem é assaltado nas ruas, quem anda mais ou menos 50 metros entre a Sé e o Bazar do Povo e tem três sem abrigo, dois deles no chão, pedintes, como ainda hoje presenciei. Logo eu, que até procuro ter algum sentido de humor e a mesma confiança do presidente nessa veia humorística, não tive qualquer vontade de rir nem estou muito recetivo para que alguém venha dizer que estou a exagerar no que vejo e no que sinto, de dia na cidade. À noite, nem se fala, o percurso da Sé ao Liceu Jaime Moniz, não é nada aconselhável. A Praça do Carmo é quase o dia todo a presenciar episódio. Mas há mais. São muitos distribuídos pelas ruas, dizem até que há ruas marcadas de "residência" e brigas quando vêm de outros lados. Se sabemos isso e os cidadãos sabem, as autoridades não?

Como recentemente disse o presidente da Câmara, e é verdade, basta passar por algumas ruas e ver a insegurança, adiantando e bem, que falta policiamento na cidade. E falta. É verdade que teve este "desabafo" do patrulhamento militar, que além de exagero, não é possível sem mudanças constitucionais. Mas é preciso patrulhamento, seja como for. E mesmo percebendo que Miguel Albuquerque não quer criar alarmismos do ponto de vista do destino turístico, que faz da segurança um dos parâmetros mais tidos em conta, a verdade é que seria importante haver uma sintonia, não só de origem partidária, relativamente à segurança do Funchal, sem estas disparidades que, isso sim, podem levar a algum humor com cunho político. Não vá Ricardo Araújo Pereira lembrar-se disso.

Ter consciência com um bom diagnóstico, pode ser importante para a terapêutica. E com decisões, podemos demonstrar que as autoridades são responsáveis e estão atentas ao problema para dar segurança aos cidadãos e aos turistas. Pode até ser melhor promoção do que "varrer para debaixo do tapete". Não andam a dizer uma coisa num dia e a dizer outra coisa num outro dia.

"O Funchal continua a ser uma cidade segura e afável. Não temos uma cidade insegura, andamos no Funchal a qualquer hora, sem problema", disse Miguel Albuquerque.

Não estou inteiramente de acordo. É uma cidade afável, mas registamos hoje o que não havia antes da pandemia: há episódios que estão a tornar o Funchal uma cidade desconfortável, não é o caos nem está perto disso, mas é preciso intervir para que os pequenos e preocupantes focos não se tornem em grandes e irreversíveis marcas na cidade. Na Madeira...



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