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O crescimento que "empurra" o povo

  • Foto do escritor: Henrique Correia
    Henrique Correia
  • 14 de abr.
  • 3 min de leitura


E importante esta visão da Madeira aberta ao mundo. Mas é importante, também, tanto ou mais, que os madeirenses não se sintam empurrados na sua própria terra.




Vivemos numa economia aberta, de livre mercado, e como diz o presidente do Governo Regional, é o mercado a funcionar e o objetivo não é criar tetos seja em que medida for. No fundo, o que defende Miguel Albuquerque é, na prática, uma economia mista, onde os privados geram a estratégia e a riqueza, remetem para um "mundo" inflacionado sob alegação da oferta e da procura, criam postos de trabalho, grande parte baixos e precários, acabam por criar o caos no mercado e depois aparece o Governo a resolver esses "estragos" com uma política de compensação, mais ou menos assistencialista, designadamente na Habitação Pública, onde o aparente "favor" de aquisição 30% abaixo do mercado significa pouco atendendo aos valores de referência. É 30% abaixo de quê? De que mercado? Do mercado fortemente inflacionado? Esta avaliação merece, no mínimo, ser refletida.

A Madeira mudou muito nos últimos anos. É verdade que a Economia está em crescimento, está a crescer não sei há quantos anos desde que o presidente do Governo deixou de contar para relevar a sua ação com base no ano de 2015, ano em que o jardinismo foi substituído pela "redescoberta" da Madeira, entretanto diluída com algumas "pazes" meramente estratégicas, mas essa economia a crescer está muito dependente, ainda, do Turismo, sendo que o "boom" verificado no sector, com grandes diferenças de quantidade e qualidade, empurrou a Região para uma realidade que obriga o Governo a adotar medidas pontuais, não estruturais, de acordo com os problemas, muitos, que vão surgindo a cada dia que passa. Um pouco a "apagar fogos".

A Madeira vive, neste momento, um crescimento que pode ser positivo do ponto de vista do negócio, desta dialética da Política com o mundo empresarial, mas um verdadeiro caos em vários aspectos da vida dos madeirenses, com o pretexto de uma "saúde" da Economia e sem restrições. Passamos a ter vários problemas de mobilidade, não só nos pontos turísticos onde não dá nem para madeirenses nem para os que nos visitam, trânsito caótico no Pico Ruivo, no Pico do Arieiro, no Poiso, no Ribeiro Frio, na Ponta de São Lourenço, no Cabo Girão, e em tudo quanto é sítio de referência, restauração, jardins e afins, mas também nos problemas de circulação automóvel de rotina, que diariamente obrigam a percursos que ultrapassam uma hora, hora e meia, quando antes eram feitos em 15, 20 minutos, é disso exemplo a nossa segunda circular, a via rápida, que já ultrapassou as dificuldades de acesso e passou mesmo a dificuldades de circulação por excesso de procura em horas de ponta, que são diversas ao longo do dia. Estará a Madeira preparada para este crescimento?

A política sem limites também pode trazer problemas ilimitados. É o que está a acontecer com o espectro do esgotamento à vista como vislumbre do "beco sem saída" que certamente queremos evitar. O destino Madeira é apetecível e está a dar resultados, mas é preciso evitar que se torne aborrecido, o que inevitavelmente pode trazer consequências sem retorno. Não podemos ter uma política totalmente aberta sem ter em conta a qualidade de vida que ainda tínhamos, é preciso criar a Madeira sustentável para que, tanto residentes como visitantes, possam usufruir dos espaços sem se tornar um suplício, como começa a acontecer agora.

Os madeirenses começam a sentir uma espécie de empurrão. Há zonas onde, por diferentes motivos, mas todos no contexto desta "Madeira Nova", estão a ficar praticamente inacessíveis. Para passear, para morar, para viver. E também para sair, uma vez que o aumento da procura resultou numa subida de preços nas viagens aéreas, com particular ênfase nos períodos de "ponta", que agora é quase sempre.

É importante aproveitar o crescimento da procura pela Madeira enquanto destino turístico (ao mesmo tempo procurando alternativas de economia). É importante criar emprego e fazer crescer a Economia. É importante esta visão da Madeira aberta ao mundo. Mas é importante, também, tanto ou mais, que os madeirenses não se sintam empurrados na sua própria terra. O equilíbrio pode não dar tanto dinheiro, mas de certeza dá vida. E dá futuro. Para todos. Agora, assim...



 
 
 

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