Há uma autêntica "corrida" às contratações, às colocações, às transferências de funcionários, às inaugurações à pressa, sempre foi assim, continua assim. Estava mal, continua mal.
A experiência adquirida de 35 anos de jornalismo profissional, mais os outros que tenho seguido, de forma descomprometida, mais leve, mas não menos "profissional" na entrega e responsabilidade, permite-me dizer que em Política tudo é possível. Até mesmo o que não é. E nao vale a pena virem com a conversa da legalidade cumprida e dos procedimentos que já vi muita coisa acontecer, e ainda sei e vejo alguma, que é "ilegal" em "toda a linha" e acontece na "linha toda". E ninguém é chamado a contas nem perde cargos por isso. Há sempre uma forma para o que se quer dar forma. E a Política consegue isso.
Esta contextualização serve precisamente para refletir sobre as eleições, independentemente de serem nacionais, regionais ou locais. E refletir sobre o que fazem os governos no período que antecede essas eleições. O que fazem de contratação, às centenas, às vezes milhares, à colocação de trabalhadores que estão destacados do privado e ainda não têm vinculo público, aos concursos públicos que "chovem" todos os dias, em todas as áreas e departamentos, aos apoios a tudo quem pede, às promessas que superam os pagamentos, e a tudo o que não se sabe cá fora mas sabe-se lá dentro.
Claro que ninguém fala nisto, do ponto de vista político partidário, por não interessar falar, por estarem todos comprometidos com o sistema, cada qual no seu burgo, mas abrangendo várias forças políticas. Mas a verdade é que o regime devia encontrar um ponto de equilíbrio no sentido de fazer uma alteração fundamental sobre aquilo que os governos podem fazer em período pré eleitoral. Em eleições legislativas, nacionais e regionais. O mesmo para as Autarquias quando forem eleições locais.
De facto, há uma autêntica "corrida" às contratações, às colocações, às transferências de funcionários, às inaugurações à pressa, sempre foi assim, continua assim. Estava mal, continua mal.
Seria importante, sobretudo em nome da transparência e da prevenção para conluios e pressões, diretas ou indiretas, que os governos tivessem a sua ação reduzida à gestão corrente sem envolver decisões de fundo, excetuando o andamento de obras em curso ou situações em que os prazos obrigam a decidir neste período pré eleitoral. Os governos podem mostrar a obra feita na mesma, mas novas decisões sobre iniciativas futuras só poderia ser iniciadas antes do Presidente da República marcar a data. E nenhum membro do Governo poderia nomear seja quem for para reforçar o gabinete a menos de dois meses das eleições. Só agora é que deu pela falta de recursos humanos? É preciso haver alguma ponderação mesmo quando a lei não impede, mas devia impedir.
É a história da mulher de César...
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