Falta de debate, de preparação atempada dos desafios que se colocarão ao partido, no fundo uma inexistência de política agregadora dos órgãos do partido.
As estruturas internas do PSD Madeira estão a viver algum desconforto relativamente à fórmula de "serviços mínimos" utilizada por Miguel Albuquerque para exercer a liderança partidária, sendo que a mais recente decisão de mudança "radical" na lista de candidatos à Assembleia da República assumiu contornos de discordância interna face a uma decisão unilateral do líder, que na opinião de alguns dirigentes resultou "na lista mais fraca apresentada pelo PSD-M desde que há Democracia".
"Fontes" internas criticam uma atitude "relativista" de Miguel Albuquerque no que diz respeito à vida do partido, acrescendo um distanciamento cada vez mais visível com o secretário-geral José Prada, uma figura que tem segurado a ligação com as bases e vem estancando, como pode, os focos de conflito ou mesmo de "guerra fria". Tudo isto tem como consequência uma falta de debate, de preparação atempada dos desafios que se colocarão ao partido, no fundo uma inexistência de política agregadora dos órgãos do partido nas decisões que são tomadas e que se caraterizam normalmente por uma "pressa" repentina e a "despachar", que por exemplo tem feito com que as reuniões da comissão política e do conselho regional ocorram no mesmo dia, situação que antes não acontecia. Uma espécie de fazer tudo de uma vez só. Tudo é "relativizado".
Relativamente à lista de candidatos à Assembleia da República, o descontentamento prende-se com a falta de um elemento ativo representando as estruturas do Funchal e a política ativa social democrata da capital madeirense, além da impreparação, política e tecnicamente, de alguns candidatos da lista.
Esta escolha "pessoal" do líder, garantem-nos, não foi acompanhada pela devida comunicação, aos atuais deputados, de que não iriam continuar, alguns souberam pela comunicação social, o que não sendo um procedimento inédito, deixa sempre consequências negativas que só não são públicas, pela voz dos próprios visados, atendendo ao que o partido ainda lhes pode dar como alternativa e não convém fechar portas. Apenas Sara Madruga da Costa reagiu indiretamente dizendo que "as atitudes ficam para quem as pratica".
De resto, Sara Madruga da Costa esteve para continuar e Albuquerque teve "recomendação" nesse sentido. Dizem ser "deputada trabalhadora", mas com alguma dificuldade em "trabalhar em equipa". Albuquerque acabou por não aceitar a recomendação e cumpriu uma das suas imagens de marca: mudar tudo mesmo os que estão a funcionar bem. "Até um dia essa matriz chegar ao próprio líder", reage uma fonte social democrata.
Outro ponto de tensão interna tem a ver com as próximas eleições autárquicas, onde o PSD tem grandes desafios e segundo entendimento de uma franja do partido, seria assunto para estar já a ser alvo de definição de estratégias para uma escolha criteriosa de candidatos. Dos concelhos nessas condições, só a Calheta parece processo mais calmo com a saída, por imperativo da lei, do atual presidente Carlos Teles. De resto, seria necessário começar já a definir objetivos e preparar as eleições autárquicas de 2025.
A saída de Pedro Coelho, em Câmara de Lobos, deve ser atempadamente acautelada pelo PSD, num bastião social democrata desde sempre. O problema, dizem-nos, está nas divergências internas na vereação, a exigir um cuidado especial por parte do partido.
Santa Cruz, Machico e Ribeira Brava são concelhos particularmente importantes para o PSD, com os presidentes em final de mandato. Mas também Porto Santo, onde o presidente da Câmara Nuno Batista está de costas voltadas para o líder da comissão concelhia do PSD Roberto Silva. Como se vê, motivos não faltam para uma exigência de estratégia preparada com critério e atempadamente.
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