Rodrigues vai com os "outros"
- Henrique Correia
- 6 de mar.
- 3 min de leitura
José Manuel Rodrigues está a prevenir o futuro como se não acreditasse em Albuquerque, que por sua vez já veio admitir preocupação com a eventualidade de um governo da oposição.

Pode acontecer isto: José Manuel Rodrigues, líder do CDS Madeira e até agora parceiro político parlamentar do PSD-M, pode viabilizar um governo não social democrata se for para haver estabilidade governativa duradoura, ou seja para quatro anos. Confirmou o próprio em entrevista à RTP-M no âmbito das eleições de 23 de março. Tudo a depender dos resultados, obviamente. Mas a ideia está lá.
José Manuel Rodrigues tem optado por acordos com Albuquerque, mas agora, em função do contexto, pode ir com os "outros", sejam eles quais forem, em nome de um valor superior à ideologia: a estabilidade. Diz que só fala depois das eleições, mas acabou falando agora em alguns indicadores.
Nesta entrevista, o líder centrista teve esse cuidado de salvaguardar que só fala de entendimentos, e com quem, depois das eleições. É bom que deixe isso claro, uma vez que também não sabe se consegue conservar a eleição de dois deputados que podem ser úteis numa negociação. Daí a importância e necessidade de aguardar pelos resultados.
Pela lógica dos contornos políticos e pelos antecedentes, os madeirenses já deram a entender que não vão muito pelas maiorias absolutas, pelo que, também desta vez, poderá acontecer um novo enquadramento a exigir acordos de governação. E neste caso, José Manuel Rodrigues já está um pouco a jogar nos vários tabuleiros, com aquela mensagem de o CDS ser o único partido com estabilidade para falar com todos, da esquerda à direita, deixando a porta aberta a quem estiver perto da governação para quatro anos, o que significa aderir ao projeto que, por entendimento, consiga chegar a 24 deputados, um número da maioria absoluta parlamentar.
Claro que em política, e por tudo o que temos observado, as realidades pós eleitorais são diferentes, resultando em acordos e negociações que em campanha pareciam impossíveis. Mas o CDS sabe que, num contexto em que o PSD não vá além do último valor eleitoral, com 19 deputados, um eventual acordo com a esquerda pode fazer toda a diferença na maioria absoluta se houver um entendimento PS/JPP, sobretudo se a contrapartida voltar a ser a presidência da Assembleia, uma estratégia que deu resultado positivo para o líder do CDS nas últimas eleições.
Esta posição do CDS, aliado à possibilidade da oposição chegar aos 24 deputados, obviamente se tiver votos para isso, compõem um cenário de possibilidades a uma espécie de "gerigonça política", o que a acontecer seria uma hecatombe de Miguel Albuquerque mesmo ganhando as eleições. Seria um desastre político a vencer e, nesse enquadramento, poria em risco o próprio futuro do partido. Por isso, sobre os ombros de Miguel Albuquerque está uma responsabilidade mais gigante do que diz, uma vez que estas eleições ou fazem renascer o PSD das maiorias absolutas ou afunda o PSD das maiorias relativas. Vai depender dos resultados, todas as hipóteses estão em cima da mesa, mas a "geringonça" está a "espreitar", pode nem ser por via do PS, que pode ficar na mesma de resultados, mas pode ocorrer uma subida do JPP, o que seria de todo diferente num cenário de peso político. Assim haja entendimento, ao contrário de tentativas anteriores.
Face a estas possibilidades, José Manuel Rodrigues está a prevenir o futuro como se não acreditasse em Albuquerque, que por sua vez já veio admitir preocupação com a eventualidade de um governo da oposição, daí a insistente mensagem do PSD relativamente ao futuro da Madeira. Consciente que a sua imagem pode prejudicar o PSD-M, Albuquerque prescindiu de fotos suas nos cartazes para privilegiar a mensagem ao eleitorado. Vamos a ver o que este diz a 23 de março.
Mas está tudo a fazer pela "vida"...
Comments