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"Trabalham menos, a responsabilidade é zero"

  • Foto do escritor: Henrique Correia
    Henrique Correia
  • há 1 hora
  • 3 min de leitura


Foi assim que o médico e reeleito presidente da Assembleia Municipal do Funchal se referiu, na qualidade de empresário, à "fuga" de educadoras do privado para o público.



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O médico José Luís Nunes, reeleito presidente da Assembleia Municipal do Funchal pela lista da coligação PSD/CDS, liderada por Jorge Carvalho, que era até há bem pouco tempo secretário regional da Educação, deu uma espécie de "murro na mesa" por ver o "seu" Polegarzinho, um infantário privado, ser atingido por uma debandada de educadoras para o sector público. Na essência, questiona-se: então o público apoia o privado para complementar o público por este não ter resposta a cem por cento, e depois acolhe as educadoras "descapitalizando" o privado do ponto de vista dos recursos humanos qualificados?. Um contrasenso, diz.

Em entrevista ao Diário, José Luís Nunes "despe" o casaco de político e "veste" o de empresário, um conflito entre um sector que visa o lucro, o privado, e outro que tanto dá como não dá, o público. Faz toda a diferença, na perspetiva de José Luís Nunes, que ao falar e ao dizer o que diz, sabe do que fala e porque diz.

O médico de referência na sua especialidade, a Pediatria, com carreira recente na política, concede uma entrevista que não é branda para o Governo. E até Jorge Carvalho, ao ler as declarações do seu companheiro de rota, deve remexer-se na cadeira para não reagir a estas críticas ao que é público e à forma como o público gere estas questões da Educação.

Pelos vistos, o infantário "O Polegarzinho", propriedade de José Luís Nunes, ficou sem educadoras, das quatro saíram três, foram para o público. Já conseguiu compor as equipas, mas não conseguiu abater nem a revolta nem as palavras fora da boca, que o povo costuma comparar com pedras fora da mão. O doutor questiona: se vão todos para o público, o privado fecha. E depois? Onde vão colocar as crianças? Vamos voltar às amas?"

José Luís Nunes acusa a secretaria da Educação de passividade e de ter atitude que para os privados representa esta resposta: "desenrasquem-se". Defende que, das duas uma: ou o Governo canaliza mais dinheiro para que os privados segurem as educadoras relativamente a propostas mais atrativas, ou passar os estágios das alunas para os privados". Assim como está é que não.

Mas o empresário, por momentos, deixa o seu lado público à margem, e tem um desabafo não "politicamente correto", por tudo o que envolve para o sector público, onde agora está numa função de grande responsabilidade, mas sobretudo para a dignidade e profissionalismo das educadoras que opataram pelo público. José Luís Nunes tem uma teoria, que vai ao encontro daquela ideia que se generalizou de que, no público trabalha-se pouco e no privado há outra gestão, mais atenta à "produção".

"Porque é que as educadoras querem ir para o público? Trabalham menos, a responsabilidade é zero, porque não têm um patrão que veja as coisas. É o patrão público, é o patrão Estado. Já pelo contrário, o patrão privado é mais personalizado, é mais responsável. É mais exigente. E quando as pessoas vão reclamar, reclamam a uma escola que tem uma face. Quando vão aos outros, reclamam a uma escola que é uma secretaria. E que vai batendo em departamentos e chefias, e não consegue, no fundo, chegar a um produto final".

José Luís Nunes, depois disto, fica com uma missão dificil para garantir e convencer, com firmeza, que na Câmara do Funchal, entidade pública, onde acaba de ser reeleito, é diferente, que ali se trabalha. Por muito que esteja habituado a diagnósticos e a terapêuticas.

 
 
 

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