Henrique Correia
Alguns dos maiores crimes sexuais contra menores, ocorreram nas "classes altas"
Realidade da violência contra menores preocupa o Ministério Público. Miguel Silva, coordenador do DIAP da Comarca da Madeira.

A Vice-Presidente da Assembleia Legislativa da Madeira afirmou, esta tarde, que cabe a todos os cidadãos “defender as crianças de todo o tipo de violências”. “Uma sociedade que não cuida das suas crianças põe em causa o seu futuro”, vincou, em tom de alerta, Rubina Leal.
O aviso foi lançado na conferência promovida a propósito do "Dia Europeu Contra o Abuso e Exploração Sexual de Crianças", que se assinala hoje.
juíza Maria Fernanda Sequeira, da Comarca da Madeira, destacou os avanços da Constituição da República Portuguesa em matéria de defesa dos direitos dos menores.
Dos casos que chegam a tribunal 80% são de crianças entre os 8 e os 13 anos de idade, 20% entre os 4 e os 7 anos, e 2% espelham crimes praticados contra crianças entre os zero e os quatro anos.
Mais de 98% dos agressores sexuais de crianças e jovens são homens, sendo que a maioria dos crimes acontece no contexto familiar de proximidade, grande parte praticados pelo pai (16%), por pessoas conhecidas (14%) e por desconhecidos (10%).
Maria Fernanda Sequeira abordou também a pornografia infantil que “atinge proporções dramáticas na internet, com milhões de ficheiros partilhados”. A juíza pediu ainda a atenção dos pais para as redes sociais, porque os tribunais têm verificado um aumento do “número de casos de aliciamento de menores”, com origem nas plataformas digitais sociais.
Esta é também uma realidade que preocupa o Ministério Público. Miguel Silva, coordenador do DIAP da Comarca da Madeira, disse que o problema atravessa todos os extratos sociais, recordando que “alguns dos maiores crimes sexuais contra menores, no país, ocorreram nas ‘chamadas classes altas’”.