Henrique Correia
Calado "chumba" jotinhas carreiristas que "nunca fizeram nada de jeito"
O presidente da Câmara do Funchal foi ao programa da RTP Madeira "Músicas da Minha Vida" e "cantou" a "cartilha" aos "meninos" que passam a vida nos partidos e nunca trabalharam em sítio nenhum.

O presidente da Câmara Municipal do Funchal foi ao programa da RTP Madeira "Músicas da Minha Vida", ouviu as melodias do Miguel Pires, mas também "cantou" a "cartilha" aos "jotinhas" dos partidos, quem sabe do seu partido, o PSD, que tem um percurso de poder e de cargos para distribuir na Região, num perfil que se encaixa nos alertas de Pedro Calado quando diz, mais ou menos, que é preciso mais do que se filiar, chegar, ver e vencer sem fazer muito e sem saber como.
Pedro Calado, que fez metade do seu percurso no privado e a outra metade no público, onde teve a vice presidência do Governo como o cargo de maior envergadura, considera importante esta experiência de vida como fundamental para ver a realidade pública como deve ser vista. Diz que "há muitos políticos que falam de impostos mas não sabem o que é o IVA, o IRC, o Imposto de Selo, o IMT, o IMI, o Pagamento Especial por Conta"
Por isso, Calado afirma defender "os cargos políticos de grande responsabilidade devem ser ocupados por pessoas com experiência de trabalho a sério e no privado. Aqueles meninos que passaram a sua carreira e a vida toda nas jotinhas, nas filiações partidárias, que nunca trabalharam em sítio nenhum, nunca fizeram nada de jeito, e depois acham-se uns grandes políticos para poderem gerir o dinheiro dos outros, acabam mal. Devemos ter a coragem de evoluir para pessoas com experiência de vida".
O presidente da Câmara acrescenta que "há pessoas que vêem a causa pública "com leviandade e com tendência para olharem para o umbigo dos partidos. Por isso, devíamos ter mais cuidado no recrutamento. Sempre trabalhei com pessoas capazes tecnicamente, não olhando para o cartão partidário. Depois, existem outras pessoas na decisão política".
Estas declarações de Pedro Calado num ambiente descontraído do programa conduzido por Sofia Relva, transmitem muito do que é a política, hoje, muito assente num enquadramento de partidocracia, em que os partidos tendem a funcionar como agências de emprego e onde a meritocracia é uma miragem. Certamente que Pedro Calado não conseguirá cumprir, na íntegra, o que defende, porque também sabe as imposições da "dialética" partidária, mas ficou bem este alerta para uma realidade que todos vêem. Acima de tudo, sabe do que fala. E porque fala.