"Estalou o verniz" na relação Miguel Sousa/Diário
- Henrique Correia
- há 6 horas
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Artigo do antigo governante, no Diário onde é colaborador, motivou reação forte do diretor do matutino. A relação privilegiada de décadas não está fácil.


Parece ter "estalado o verniz" nesta relação de décadas entre o Diário e o antigo vice presidente da Assembleia e Governo Regionais, Miguel Sousa, também conhecido empresário pela sua participação na Empresa de Cervejas da Madeira, entre outros projetos empresariais. É do PSD, como se sabe, é por Albuquerque, já foi de Jardim, muito mais do que é hoje. E foi do Diário, também muito mais do que é hoje, objetivamente uma relação bem mais "útil", para ambos os lados, do que é hoje. Um histórico longo, por ser longa a ligação, com tempos de utilidade mútua e de "parceria". Estivesse ou não no Governo.
Os tempos mudaram entretanto, ainda que o "modus operandi" dos jornais não tenha mudado muito, mas a "temperatura" andou amena até que Miguel Sousa, que é colaborador do Diário, escreve no matutino e é comentador na TSF, decidiu "pegar" com a publicação centenária dizendo que, ali, era só Marítimo, não havia um único colaborador do Nacional, como se sabe o clube do antigo governante. E também como se sabe, o jornalismo desportivo sempre conviveu bem com ligações clubísticas, que na política configurariam algo de "escândalo". Ainda por cima, estando o Nacional na I Liga e o Marítimo na Liga2. Não podia ser, entendeu Miguel Sousa. Criticou o Diário nas páginas do Diário, além de picardias periódicas em publicações no Facebook. A expressão "estalou o verniz", expressão popular, talvez não seja a mais adequada para os protagonistas em causa, "verniz" foi coisa que nunca se lhes reconheceu como ponto forte. Mas estalou qualquer coisa parecida.
Miguel Sousa escreveu outro artigo arrasador para o seu "parceiro" de sempre, mas desta vez devido a um artigo sobre um gabinete de estudos do PSD-M, liderado por Miguel Sousa, que na pesquisa do jornal, dava como inactivo há muito tempo. O que, obviamente, enfureceu o antigo governante tanto como nos velhos tempos de governante, mas então com mais peso político e institucional. E com outros protagonistas no topo da publicação.
Miguel Sousa viu o artigo publicado, em nome da liberdade de expressão, explica o diretor/administrador do Diário, que escreve o "troco" ao antigo governante, num tom parecido, que mesmo com toda a liberdade, não deixa muita margem para uma relação de futuro, pelo menos tão acesa como a do passado, o longínquo e o outro mais recente.
Miguel Sousa vaticina o definhar do matutino, aproveitando a fragilidade da imprensa nestes tempos em que a leitura a papel caiu a olhos vistos e a influência de outrora perdeu-se pelo caminho, o que ainda se mantém deve-se muito a parcerias, apoios e articulações, mas pouco a leitores.
Em resposta, Ricardo Miguel Oliveira presta um "mimo" ao "seu" colaborador: "Os jornais centenários até podem morrer, mas nunca pelo vaticinio alucinado dos que se dizem amigos e parceiros, que não seriam ninguém sem o cobiçado palco onde agora lhes dá jeito exibir ingratidão".
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