"Nem se dignou a responder a um ofício que lhe enviei sobre a possibilidade de, em sede de orçamento de Estado, o investimento nas perdas de água não contar para os limites do endividamento dos municípios".
O presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz veio hoje a público, através do habitual Ponto de Ordem, que já ponderou e continua a ponderar, cada ve, mais, abandonar a Associação de Municípios. Diz que a AMRAM orienta-se à moda do PSD e Pedro Calado nem se dignou responder a uma carta onde Filipe Sousa dava conta do que há a fazer na recuperação e diminuição das perdas de água, e onde apontava a possibilidade de, em sede de orçamento de Estado, o investimento nas perdas de água não contar para os limites do endividamento dos municípios.
Confira, aqui, o ponto de ordem de Filipe Sousa dirigindo-se aos munícipes:
"Venho hoje confessar-vos que já ponderei, por diversas vezes sair da Associação de Municípios da Região Autónoma da Madeira (AMRAM) por entender que aquele organismo não tem desenvolvido o papel essencial que poderia ter naqueles que são os interesses comuns das autarquias.
A AMRAM, neste momento, está transformada numa agência de formação e num passeio de vaidades. Portanto muito longe daquela que deveria ser a sua missão na defesa conjunta dos problemas, anseios e legítimas lutas dos municípios.
Esta semana este meu desânimo com a AMRAM voltou a vir ao de cima, ao ouvir o Dr. Pedro Calado, presidente da Câmara do Funchal e presidente da AMRAM, declarar que a Madeira está "um passo à frente" na evolução para as cidades inteligentes e sustentáveis, em relação ao todo nacional, graças à proximidade com o Governo Regional, lembrando, como exemplo, o investimento de 12 milhões de euros no cabo submarino EllaLink.
O meu colega autarca falava das Smart Cities, e nada tenho contra, mas antes de ser Smart, é preciso ser inteligente em bom português.
E ser inteligente é bom português é perceber que os municípios no seu todo têm ainda problemas graves para resolver mesmo no âmbito da sustentabilidade. Falo, em concreto, do imenso trabalho que há a fazer na recuperação e diminuição das perdas de água, um problema transversal e que ganharia com uma abordagem conjunta. No entanto, o presidente da AMRAM simplesmente ignora esta circunstância e nem se dignou a responder a um ofício que lhe enviei sobre a possibilidade de, em sede de orçamento de Estado, o investimento nas perdas de água não contar para os limites do endividamento dos municípios. Esta seria uma luta mais audível se avançássemos em conjunto, cumprindo a missão da AMRAM.
E é bom também deixar claro que quem é inteligente em bom português sabe que nem todos os municípios beneficiam da dita proximidade com o Governo Regional. Nesta democracia à moda do PSD, só beneficiam os que são do mesmo partido. O que também parece não preocupar o presidente da AMRAM, que deveria falar por todos e não apenas por si mesmo.
Portanto, face a tudo isto, cada vez mais me convenço que nada se ganha por estar dentro da AMRAM, a não ser legitimar propaganda política e lutas pessoais pelo poder".
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