Idosos da Bela Vista tomaram banho de chaleira por avaria nas Caldeiras

Vice presidente da Associação Atalaia Living Care foi ao Parlamento explicar tudo sobre a nova gestão privada do Lar e a "herança" dos problemas da gestão pública. Surpreendente.

É inacreditável mas é verdade a avaliar pelo depoimento impressionante da vice presidente da Direção do Atalaia Living Care, Andreia Teixeira no âmbito da comissão parlamentar que pretende ver esclarecidas algumas questões do Lar da Bela Vista, um lar público, obsoleto, que passou para a gestão provada A comissão vai ouvir, também, a secretária de Inclusão e Juventude, Ana Sousa.

A vice do Atalaia respondeu sem reservas sobre o caderno de encargos com muitas condições e um edifício cuja falta de condições é notória. Mas o mais surpreendente foi quando falou de uma avaria

na caldeira da central térmica, "por ser antiga e estar inoperacional", sendo que a questão dos banhos "foi solucionada com uma manutenção das mesmas, tendo garantido que os utentes nunca tomaram banho de água fria".

Andreia Teixeira disse que "a central térmica é um equipamento com cerca de 25 anos e deveria ser substituído e que, no entender da associação Atalaia Living Care, “essa é uma responsabilidade do ISSM, que é o senhorio no contrato de comodato que está na base do atual sistema de exploração da instituição.”

E na verdade, enquanto se aguardava sobre quem tinha a responsabilidade do quê, as soluções tardaram e apesar de medidas de manutenção, foi encontrada uma solução: os recursos a chaleiras para a higienização dos idosos. Banhos de chaleira. Sem que porventura houvesse, como devia, uma intervenção superior no sentido de evitar que esta situação ocorresse. No entanto, a morosidade, pedidos indeferidos, e finalmente a aprovação, até ao funcionamento, leva tempo e o apuramento de responsabilidades passa ao lado.

Andreia Teixeira diz que "os idosos nunca tomaram banho de água fria", mas não esconde as dificuldades de gestão de um Lar antigo a a precisar de obras.

Na audição parlamentar, requerida pelo grupo parlamentar do PS, a responsável foi confrontada com vários problemas que foram alvo de denúncia pública nos últimos meses como a degradação do edifício do lar da Bela Vista, a falta de funcionários e sobrecarga de trabalho para o pessoal em funções, refeições dadas aos utentes fora de horas, escassez de alguns produtos de higiene como fraldas, medicação fora de prazo e a falta de planos de segurança.

A Vice-Presidente do Lar da Bela Vista, garantiu que “apesar de todas as queixas conhecidas publicamente, não têm nenhuma reclamação por escrito no livro de reclamações da Instituição. Sendo verdade, disse uma deputada, que não havia, na altura, livro de reclamações. Sem livro, não há reclamações.

Andreia Teixeira esclareceu relativamente às queixas efetuadas acerca da medicação fora do prazo de validade “é extremamente improvável, pois recebemos medicação todas as semanas através de um Cardex, um meio de comunicação entre as instituições e as farmácias, simplificando e enriquecendo o plano de cuidados dos nossos utentes. A medicação altera-se de caso para caso e é entregue para cada utente. Além disso a farmácia verifica essa regularidade. Caso aconteça, a medicação não entra sequer em contacto com o utente.”

Andreia Teixeira referiu-se ao problema apontado para falta de pessoal e funcionários do lar da Bela Vista garantido que “relativamente ao mapa de pessoal, se não cumprimentos somos penalizados na comparticipação financeira. Temos 24 enfermeiros. Estamos a cumprir o mapa de recursos humanos em todas as áreas e não temos falta de pessoal de momento.”

A Vice-Presidente do Lar da Bela Vista reconheceu que a requalificação da infraestrutura é de extrema importância e de máxima urgência. Se esse projeto não for exequível, a responsável considera que “a associação e o ISSM terão de chegar a acordo para ter uma solução”, refere-se num texto publicado nas plataformas digitais do Parlamento.