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Foto do escritorHenrique Correia

Nem Jardim pensava nos piores sonhos


Jardim, PSD, CDS E RIR em partilha inédita de palco.



A política é um assunto sério, claro está, quando é levada a sério, o que nem sempre acontece, como sabem os que têm idade suficiente e alguma experiência de contacto com o meio para saberem isso mesmo, que nem sempre é o que se vê e muitas vezes é o que o povo normalmente não vê. Não são enganos, são perspetivas.

Mas também, não raras vezes, a política pode ser séria e com algum humor pelo meio, sem que isso signifique menor seriedade pelos protagonistas, mas tão somente um enquadramento diferente do hoje com uma memória presente do ontem, o que na política também é difícil ter, memória com regularidade. Pois é, a memória parece ter validade curta quando é um ativo que deveria ser vitalício.

Estas autárquicas têm proporcionado um desfilar de surpresas, de episódios interessantes, curiosos, mas sem dúvida que uma das novidades nucleares desta pré campanha tem sido o regresso de Alberto João Jardim à atividade depois de ter sido "desativado" em tempos de passado recente, antes de se descobrir que é modelo único e que se calhar o PSD podia estar a precisar de uns valentes abanões. Por isso, volta Jardim, estás perdoado, parece ser o lema. O que nada tem de mal.

Acontece que o Jardim que todos conhecem até pode subir ao palco, até pode mandar daqueles discursos inflamados que tratam adversários como inimigos, mas uma coisa intrigante que as imagens adensam se comparadas com o passado do antigo presidente, onde tossir na assistência, durante o discurso, era comunista pela certa, prende-se com a "necessidade" de partilhar o palco com "imimigos de estimação" de outrora, o CDS e, agora também, Roberto Vieira do RIR, que Calado chamou para terceiro da Assembleia Municipal. Outros tempos, Dr. Jardim. Podia ser pior...

As imagens que se encontram disponíveis nas redes sociais suscitam, assim, algum humor sobre a adaptação do antigo presidente aos novos tempos, que jamais poderia pensar, nem nos seus piores sonhos, que um dia subiria ao palco com esta mistura de "Paz, Pão, Povo e Liberdade...", em partilha com o CDS e o RIR.

Não é de rir porque não se brinca com coisas sérias, mas tem alguma piada que, dentro do maior respeito, até anima a democracia. Em maioria absoluta ou com partilha, também de palco.



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