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O risco de desligar aos poucos...

  • Foto do escritor: Henrique Correia
    Henrique Correia
  • há 1 dia
  • 3 min de leitura



Os trabalhadores estão preocupados. Temem que o desmantelamento dos equipamentos seja um começo de um certo desligar aos poucos da condição do serviço público da RTP-M. O que temem os responsáveis será certamente coisa diferente...





"Pedimos desculpa por esta interrupção, o programa segue dentro de momentos". Muitos estarão recordados destes tempos difíceis da RTP, do ponto de vista técnico, de afirmação do então único canal português disponível. Uma emissão a começar, com interrupções, mas uma RTP de referência mesmo assim. Durante anos. Com a conquista da RTP Madeira, a autonomia ganha dimensão. Ninguém pensava em desmantelar o que se construiu. Mesmo que sejam equipamentos, como agora. Tempos difíceis também.

Os serviços de continuidade da RTP Madeira passaram a estar centralizados em Lisboa. Desde julho. Uma situação que, desde logo, gerou alguma apreensão junto da comunidade madeirense e deu azo a audições parlamentares para uma avaliação política sobre um eventual risco de perda de autonomia.

Na verdade, por muito que os responsáveis tentem argumentar no sentido de "branquear" a situação resultante da medida, que o presidente do Conselho de Administração diz ser "definitiva", até pode não haver perda de autonomia editorial, por esta ser uma questão mais técnica, mas não se pode fugir de uma falta de autonomia do centro regional no seu todo, além de passar uma mensagem de fragilidade da RTP-M, com a conivência dos responsáveis regionais, de gestão administrativa e de gestão editorial, que por modo próprio pediram esta transferência, segundo o administrador Nicolau Santos.

As opiniões de topo da RTP, quer nacional quer regional, apontam para a salvaguarda da independência editorial, como se esse fosse um "prémio de consolação" relativamente a uma realidade mais ampla que corresponde à falta de investimento nos recursos humanos e à manutenção desgastada de metodologias e programação, que na realidade têm vindo a manter um figurino condicionado pelos meios e, por isso, retirando espaço de manobra aos profissionais para uma ampla inovação e, com ela, a criatividade, quer nos programas, quer nas notícias.

Nicolau Santos garante que a RTP-Madeira terá os poderes intactos e explica que a mudança para Lisboa teve a ver com a saída, do centro regional, de dois técnicos. Diz, ainda, que a Madeira também sente a sua condição de insular quando foram abertos concursos, no continente, para essas áreas muito técnicas e com exercício laboral na Madeira, e acabaram por ficar vazios, sem concorrentes. Uma realidade que levou a própria RTP-M a pedir que seja Lisboa a centralizar, um pedido que, quem sabe, um dia, pode virar-se contra os próprios responsáveis locais.

Depois, há um outro nível de opinião que representa os trabalhadores e que, por ser contrária à perspetiva de quem manda, até parece estar a falar de um outro canal qualquer que não a RTP-M. De facto, a comissão de trabalhadores foi também ouvida no Parlamento e a representante, Gracinda Rocha da Silva disse, clarinho como água, ter receio que "a transferência da continuidade para Lisboa seja o início do desmantelamento da RTP Madeira".

Como se vê, um cenário que ninguém tinha colocado, mas que os trabalhadores sentem como ninguém. Sentem por conhecerem os contornos do serviço, a atitude das lideranças e as cedências que acabam por esbarrar em certas incompetências que vêm ao de cima em momentos de "apertos" em que são exigidas atitudes.

Os trabalhadores denunciam atrasos na entrada do telejornal da Madeira, por opções de prioridades técnicas relativamente aos canais 1 e 2, sendo que as cúpulas minimizam estes factos, importantes no rigor e fidelização, para poderem legitimar as decisões assumidas, uma espécie de defender o indefensável.

Gracinda Rocha da Silva revela que os responsáveis não deram conhecimento das mudanças e os trabalhadores souberem depois da pressão feita para desmantelar equipamentos, o que ainda não aconteceu por falta de meios humanos.

Os trabalhadores estão, assim preocupados. Temem que o desmantelamento dos equipamentos seja um começo de um certo desligar aos poucos a condição do serviço público. O que temem os responsáveis será certamente coisa diferente...


 
 
 

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