Passa a ser importante questionar os envolvidos e os responsáveis sobre a operacionalidade dos navios e até que ponto não estará sujeito ao ridículo o nosso ativo de segurança marítima. Já vem tarde, mas fale lá senhor Almirante.
Imagem Homem de Gouveia/Lusa/SIC
O Almirante Gouveia e Melo está num silêncio embaraçoso relativamente à avaria registada no navio Mondego, a meio do mar e a caminho de uma missão nas Selvagens, o mesmo navio que há cerca de duas semanas foi "cenário" de uma situação insólita de recusa de 13 militares no cumprimento de uma missão que visava controlar a passagem de um navio russo ao largo do Porto Santo, missão abortada em função de uma suposta falta de condições do navio que motivou esse comportamento dos 13 marinheiros.
O senhor Almirante está calado e mesmo que venha a falar já não evita a imagem de embaraço sobre o sucedido, uma vez que esta avaria, ainda pouco esclarecida quanto aos pormenores técnicos, deixa algumas reservas no que toca às sanções a aplicar aos militares "revoltosos", sobretudo à dimensão das sanções. Imagine-se que o navio ficava a meio caminho de uma fiscalização ao barco russo, como ficaria a imagem da Marinha, perante os portugueses e perante os parceiros internacionais. Ficaria tão manchada quanto ficou com a revolta dos marinheiros.
Claro que a situação, desde início, tem dois patamares de debate. Primeiro, o comportamento dos marinheiros é incomportável do ponto de vista disciplinar e jamais pode ser tolerado numa instituição marcada por uma hierarquização rigorosa. Em segundo lugar, o estado do navio e a importância de ser averiguada a realidade do alerta feito pelos militares. Fizeram mal, mas podiam ter razão nas queixas, o problema foi o meio usado, sabendo-se também que, se calhar, com meios disciplinarmente aceitáveis, poderiam não ter a correspondente compreensão e avaliação por parte das hierarquias.
O senhor Almirante caiu em cima, veio à Madeira e deu um "raspanete" às "tropas". Fez bem, talvez pudesse ter evitado aquela "cacetada" pública mesmo que entenda ter sido uma resposta na mesma "moeda". Compreende-se a ideia, mas a um erro não devia ter respondido com outro erro, um líder deve ser superior a essas tentações.
Mas o senhor Almirante mostrou que assume os confrontos, não tem medo de atuar e quis deixar uma mensagem de disciplina. Mas não se sabe porque razão está em silêncio quando agora se discute uma avaria de um navio que estava em condições. E isso retira-lhe alguma credibilidade neste processo. E passa a ser importante questionar os envolvidos e os responsáveis sobre a operacionalidade dos navios e até que ponto não estará sujeito ao ridículo o nosso ativo de segurança marítima.
Já vem tarde, mas fale lá senhor Almirante.
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