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Ribeira Seca convida Jardim para ir ver o "obscurantismo cultural do povo"

  • Foto do escritor: Henrique Correia
    Henrique Correia
  • 8 de fev. de 2023
  • 3 min de leitura

"14 foram os anos de espera para alcatroar uma simples estrada, 70 foram os policias que ocuparam a igreja a mando do poder civil, e do religioso da altura, nessa madrugada de 27 de Fevereiro de 1985".



O padre Martins Júnior celebrou a sua última missa como pároco da Ribeira Seca. Uma vida dedicada ao povo e de luta contra os poderes político e da Igreja Católica na Madeira. D. Francisco Santana, o Bispo que suspendeu o padre, e Alberto João Jardim, o presidente do Governo Regional, esticaram a corda e criaram o mártir eternizando uma suspensão que acabou por ser levantada pelo atual Bispo D. Nuno Brás.

Anos depois, muitos anos, Jardim continua com Martins Júnior "atravessado na gargante" e no seu comentário na RTP Madeira voltou a tecer comentários que, passados estes anos, já fariam pouco sentido, até porque reza a história a existência de excessos de parte a parte num contexto de transformação da Madeira e da diversidade de opinião. Aqui, neste contexto, não houve "anjos". Mas Jardim vai longe, talvez demasiado longe: "o sr. Martins Júnior é das coisas mais reaccionárias que se passaram na Madeira, isolou a Ribeira Seca, foi de um obscurantismo cultural, isolou populações sob o ponto de vista do desenvolvimento integral". E a simpatia do povo pelo padre? "O povo estava numa concha, não sabia o que era o mundo cá fora, era um populismo barato, analfabeto. Esse indivíduo teve uma postura totalitária e fazia uma vida burguesa cá fora. Nunca o levei a sério".

Neste comentário, Jardim criticou o atual Bispo dizendo que não quer criticar. A suspensão foi decidida por Nuno Brás mas Jardim lembra outros dois bispos que mantiveram a suspensão, no caso D. Teodoro e D. António Carrilho, dando a entender que D. Nuno também podia ter deixado tudo como estava.

Acontece que na página do Facebook da Ribeira Seca não tardou a resposta face a declarações que, sejamos justos, foram excessivas, sobretudo para as pessoas. "O que nos conforta é que desta vez toda a gente pôde ver em direto o que foi dito, não fossemos nós estar a viver num “regime fascista” como aquele que tanta vez foi elogiado na “Voz da Madeira” por quem ontem proferiu as referidas afirmações.

Estes tipos de divisionismos não são para o século XXI. As atitudes ficam para quem as praticam!", escreve-se na página da rede social.

O texto refere que "durante 10 anos, esta página manteve-se longe de todo e qualquer comentário pessoal ou político limitando-se apenas a dar informação relevante da nossa comunidade. Mas depois do que vimos ontem à noite no “Telejornal Madeira” abrimos uma exceção.

Ontem a Madeira pôde assistir a um ataque vil, e carregado de ódio, a esta comunidade certamente por ao longo do seu “reinado” o comentador convidado da RTP não ter ganho uma única eleição nas mesas de voto da Ribeira Seca.

Quanto a estar “fechados numa concha” e ”não sabem o que é o mundo cá fora”, ou um suposto isolacionismo alimentado pelo Senhor Padre Martins, 14 foram os anos de espera para alcatroar uma simples estrada, 70 foram os policias que ocuparam a igreja a mando do poder civil, e do religioso da altura, nessa madrugada de 27 de Fevereiro de 1985, foi a forma como a Ribeira Seca foi hostilizada ao longo dos anos pelo referido poder politico, foram as condições absolutamente deploráveis a que chegou a escola da Ribeira Seca fruto de anos e anos sem qualquer tipo de manutenção por parte do Governo Regional que mostrou ao longo das décadas quem quis isolar a Ribeira Seca.

No que concerne ao “Povo sem cultura”, decerto não conhece os quatro CDs já editados, os vários livros publicados sobre a nossa história, a riqueza popular das nossas poetisas, os nossos músicos e os diversos artistas, pensadores, escritores que visitaram a Ribeira Seca ao longo dos anos, por isso está desde já convidado a visitar-nos para poder ver “in loco” o “obscurantismo” pregado ao longo dos anos.

Com os recentemente celebrados 80 anos de idade, pensávamos nós que viria alguma serenidade e ponderação nas palavras de quem nunca as teve ao longo da vida, bem pelo contrário, nunca o povo da Ribeira Seca na sua história foi tão vilmente atacado, ironicamente, com um “tipo de populismo barato e analfabeto”.


 
 
 

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